quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A GUERRA CONTRA OS CRISTÃOS

A Grande imprensa resolveu acordar. Muitos cristãos tem sofrido perseguições e sendo mortos nos países muçulmanos.Mas grande parte da imprensa mundial não dá tanto destaque quando isso acontece. Mas uma reportagem da revista Newsweek , mostra o porque isso acontece. 
 Dou os parabéns pra a revista. E aqui coloco alguns trechos da reportagem:

Ouvimos tantas vezes sobre os muçulmanos como vítimas de abuso no Ocidente e combatentes na Primavera árabe na  "luta contra a tirania". Mas, na verdade, um tipo totalmente diferente de guerra está em curso ,custando milhares de vidas. Os cristãos estão sendo mortos no mundo islâmico por causa de sua religião. É um genocídio em ascensão que deve provocar alarme global.

O retrato de muçulmanos como vítimas ou heróis é na melhor das hipóteses parcialmente precisas. Nos últimos anos a opressão violenta contra minorias cristãs se tornaram a norma em países de maioria muçulmana que se estende desde a África Ocidental e do Oriente Médio para o Sul da Ásia e Oceania. Em alguns países são os governos e seus agentes que queimaram igrejas e prenderam cristãos. Em outros, grupos rebeldes  fizeram isso, assassinando cristãos e forçando-os a saírem de regiões onde viviam a séculos.


O medo da mídia de falar sobre o assunto, sem dúvida, tem vários motivos. Pode ser o medo de provocar mais violencia. Outro motivo, é mais provável , pode ser a influência dos grupos de lobby, como a Organização de Cooperação Islâmica, uma espécie de Nações Unidas do Islã, centrada na Arábia Saudita e do Conselho sobre Relações Americano-Islâmicas. Durante a última década,estes grupos  e outros têm sido notavelmente bem sucedidos em convencer as principais figuras públicas e jornalistas no Ocidente a pensarem que toda e cada crítica feita aos muçulmanos,sejam exemplos de discriminação  anti-muçulmana, a chamada "islamofobia" - um termo que é utilizado para provocar a desaprovação moral , comparada à xenofobia ou homofobia.
 Mas uma avaliação imparcial dos acontecimentos recentes  leva à conclusão de que a dimensão e a gravidade da islamofobia desaparece  em comparação com a cristofobia sangrenta atualmente acontecendo em países de maioria muçulmana em todo o mundo. O silêncio em torno desta expressão violenta de intolerância religiosa tem que parar. Nada menos do que o destino do cristianismo e, em última análise de todas as minorias religiosas no mundo islâmico está em jogo.

De leis de blasfêmia a assassinatos brutais,de atentados a mutilações e da queima de locais sagrados, os cristãos de tantas nações vivem com medo. Na Nigéria, muitos sofreram todas essas formas de perseguição. A nação possui a maior minoria cristã (40 por cento) na proporção de sua população (160 milhões) de qualquer país de maioria muçulmana. Durante anos, os muçulmanos e cristãos na Nigéria tem vivido à beira da guerra civil. Radicais islâmicos provocam muita se não toda a tensão. A mais recente dessas organizações , que se chama Boko Haram, que significa "educação ocidental é um sacrilégio." Seu objetivo é estabelecer a Sharia na Nigéria. Para este fim, declarou que vai matar todos os cristãos no país.
 No mês de janeiro deste ano , Boko Haram foi responsável por 54 mortes. Em 2011, seus membros mataram pelo menos 510 pessoas e queimaram ou destruíram mais de 350 igrejas em 10 estados do norte. Eles usam armas, bombas de gasolina, e até facões, gritando "Allahu akbar" ("Deus é grande"), enquanto realizam  ataques contra cidadãos inocentes. Eles atacaram igrejas, uma  no dia de Natal (matando 42 católicos).
 A cristofobia, que tem atormentado o Sudão há anos toma uma forma muito diferente. O governo autoritário  muçulmano sunita no norte do país há décadas atormentam a minoria cristã do sul. O que tem sido muitas vezes descrito como uma guerra civil é, na prática perseguição sustentada pelo governo do Sudão. Esta perseguição culminou no genocídio  em Darfur, que começou em 2003. Mesmo que o presidente muçulmano do Sudão, Omar al-Bashir, foi indiciado pelo Tribunal Penal Internacional em Haia, que o acusou de genocídio, e apesar da euforia que saudou a independência do  Sul do Sudão em julho do ano passado, a violência não terminou. Em Kordofan Sul, os cristãos ainda estão sujeitos a sofrerem bombardeios aéreos, assassinatos seletivos, o seqüestro de crianças, e outras atrocidades. Relatórios da Organização das Nações Unidas indicam que entre 53.000 e 75.000 civis inocentes foram deslocados de suas casas e que casas e edifícios foram saqueados e destruídos.

 Ambos os tipos de perseguições, realizadas por grupos extragovernmental, bem como por agentes do Estado aconteceram no Egito, no rescaldo da Primavera árabe. Em 9 de outubro do ano passado na área de Maspero Cairo, cristãos coptas (que representam cerca de 11 por cento da população do Egito de 81 milhões) marcharam em protesto contra uma onda de ataques islâmicos, incluindo os incêndios em igrejas, estupros, mutilações, e assassinatos, que se seguiram à derrubada da ditadura de Hosni Mubarak. Durante o protesto, as forças de segurança egípcias levaram seus tanques no meio da multidão e atiraram contra os manifestantes, esmagando e matando pelo menos 24 e ferindo mais de 300 pessoas. Até o final do ano mais de 200.000 coptas fugiram de suas casas com medo de mais ataques. Com islâmicos prontos para ganharem  poderes muito maiores, na sequência das recentes eleições, os medos dos Cristãos parecem serem justificados.


 A reportagem tem vários outros exemplos de perseguições contra os cristãos no Irã, Indonésia, etc. E termina dizendo:


Então, vamos por favor colocar isso entre nossas prioridades. Sim, os governos ocidentais devem proteger as minorias muçulmanas de intolerância. E, claro, devemos garantir que eles possam adorar, viver e trabalhar livremente e sem medo. É a proteção da liberdade de consciência e de expressão que distingue as sociedades livres das ditaduras.Mas também precisamos manter a perspectiva sobre a escala e gravidade da intolerância. Desenhos, filmes, e escritos (Sobre maomé) são uma coisa, facas, pistolas e granadas são algo completamente diferente.
Quanto ao que o Ocidente pode fazer para ajudar as minorias religiosas em sociedades de maioria muçulmana, a minha resposta é que ele precisa a começar a usar os bilhões de dólares em ajuda que dá aos países problemáticos como alavancagem. Depois, há o comércio e o investimento. Além da pressão diplomática, essas relações de ajuda e comércio podem e devem ser subordinada à proteção da liberdade de consciência e de culto para todos os cidadãos.
Em vez de acreditarmos em notícias exageradas de islamofobia ocidental, vamos tomar uma posição real frente a cristofobia que existe no mundo muçulmano. A tolerância é para todos, exceto os intolerantes.


Sobre a autora:  Ayaan Hirsi Ali nasceu em Mogadíscio, na Somália,  escapou de um casamento arranjado e imigrou para a Holanda em 1992. Ela serviu como um membro do parlamento holandês de 2003 a 2006 e atualmente é pesquisadora do American Enterprise Institute . Sua autobiografia, Infiel , foi um best-seller 2007 New York Times.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

HOJE (22/10) VOCÊ SALDAR OGUM OU JESUS?


Hoje começa mais uma novela na famigerada Rede Esgoto de Televisão enfocando a idolatria, e o tema não poderia ser mais propicio para o Brasil idólatra em que vivemos. Até aí tudo bem, a sociedade depravada quer isso mesmo. Mas, o estranho é que hoje muito da desqualificada audiência de mais esse lixo vai ser de pretensos "crentes", sim, eles vão estar assistindo e repetindo a saudação "salve" direcionada a Jorge, um nome lendário que ninguém sabe que existiu, mas que a Igreja Católica Romana criadora de fantoches fez de santo e as pessoas a ele se ajoelham e oram. 
Ontem em programas ditos joranalisticos já tinha atriz da novela dizendo que tem uma fé enorme...em jorge. É sabido, que a projeção de Jorge se deu e dá por aqui pelo Candomblé e a Umbanda, pois ali Jorge é a representação do espirito Ogum. Mas, sendo santo romano ou do Candoblé o fato é que a partir de hoje reinará em muitos lares de pretensos cristãos. E você de que lado estará?
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A IGREJA; O QUE É QUANDO SURGIU (FINAL)

Por Joelson Gomes


b-  A Promessa de Deus e a Igreja.
              Quando lemos as Escrituras notamos que os santos do AT aguardavam um certa promessa se cumprir, mas eles não viram a promessa e só estariam incluídos nela quando ela se concretizasse (Rm. 4.16; 9.8; 15.8; Hb. 11.19).  Esta promessa que Abraão esperou e não alcançou (Hb. 11.13), era o fato de se tornar o Pai da Fé (Rm. 4. 17-18),  a pátria celestial, possibilitada apenas com a vinda de Cristo e formação da Igreja (At. 13-23; 1Co. 1.20). É a chegada do evangelho que anuncia justamente essa promessa cumprida em Cristo (At. 13.32; Gl. 3. 16, 22, 29). Ora, esta promessa só se cumpre em Cristo, pois os que têm fé em Cristo, sendo descendentes carnais de Abraão ou não, se tornam seus filhos (Rm. 4. 11-25; Gl. 4. 28). Logo o cumprimento da promessa está no estabelecimento da Nova Aliança, quando Cristo  com seu sangue compra pessoas de todas as nações, formando assim a comunidade da fé. Logo, a Igreja que é o cumprimento desta promessa, então só nasce após o evento Cristo.
              É como se a salvação dos santos do AT só se concretizasse em Cristo, pois eles deveriam esperar a promessa se cumprir, promessa esta que estava encoberta na Antiga Aliança (Rm. 16. 24-25). Quando Cristo vem, seu sacrifício tem uma ação retroativa redimindo completamente também os santos do Antigo Testamento (Rm. 3. 22-25; Hb. 9.15).  Estes santos não podiam ser aperfeiçoados pelos sacrifícios da Antiga Aliança (Hb. 10.1-10). Com a vinda de Cristo, ao morrer e instituir a Nova Aliança, a Antiga, a da Lei, que tinha prazo de validade (Rm. 10.4; Gl. 3.23-26) expira (Hb. 8),  e todos os aqueles santos do AT alcançam  a promessa, são redimidos por Cristo, e entram na única Assembleia dos Santos, a Igreja do Senhor (Hb. 12.22-24). A Igreja hoje enche tudo como corpo de Cristo. Por isso ela existe a partir de Cristo que é Seu Cabeça, se existisse antes estava sem Cabeça (Ef. 1.22-23).
              Alguém pode dizer: “mas assim estaríamos fazendo diferença entre os santos do AT e os do NT”. Ora, é isso mesmo o que acontece. Aqui em concordo com CALVINO que comentando Hebreus 11.13 escreveu:
Em contrapartida concordo com aqueles que creem que se deve observar aqui uma certa diferença entre os pais e nós, o que exponho assim: Ainda que Deus tenha dado aos pais apenas uma prelibação de seu favor, a qual é derramada generosamente sobre nós; e ainda que ele lhes haja mostrado  apenas uma vaga imagem de Cristo, como que à distância, o qual é agora posto diante de nossos olhos para que o vejamos, todavia ficaram satisfeitos e nunca decairam de sua fé... Eles se    encontravam  longe desse elevado estado no qual Deus nos estabeleceu. Ainda que a mesma salvação lhes fora prometida, todavia as promessas não lhes foram reveladas com a mesma clareza que    desfrutamos  no reino de Cristo, senão que se contentaram em contemplá-las de longe.[1]
É claro que CALVINO tem toda razão ao pensar assim, ele está sendo completamente bíblico e acompanhando o pensamento do autor deste escrito aos Hebreus, pois ao terminar o capítulo 11 ele escreve sobre os santos e heróis da fé do AT:
              Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a             concretização da promessa, por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito,                para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados (Hb. 11.39-40).
              Mais uma vez o Reformador ajuda aqui: “Sei que Crisóstomo e alguns outros apresentam uma explicação diferenciada, mas o contexto claramente revela que a referência, aqui, é a diferença na graça que Deus concedeu aos fiéis sob [o regime de] a lei e o que ele nos concede hoje”.[2]
 
c) A palavra ekklêsia no AT.
    
              As vezes é apresentado o fato de que Lucas disse que Estevão usou a palavra Igreja para se referir aos santos do AT em Atos 7.28 como prova de que o povo de Israel era a Igreja antes de Cristo. Será que este fato não desmancha a tese de que a Igreja é algo do NT? Não!
              Já foi dito anteriormente[3] que os autores bíblicos do NT usavam a palavra ekklêsia para designar uma reunião, fosse ela cristã ou não (At. 19.32, 39, 41), e á assim que encontramos a palavra sendo usada para significar a reunião do povo de Israel no AT. Se o fato de Estevão usar a palavra ekklêsia aplicando-a a congregação de Israel faz com que Israel seja a Igreja, quando a Septuaginta usa a palavra ekklêsia como sinônimo de sinagoga faria de ekklêsia a mesma coisa que sinagoga:
·         Saíram todos os filhos de Israel, e a congregação (ekklêsia) se ajuntou (sinagôgê) perante o SENHOR em Mispa, como se fora um só homem, desde Dã até Berseba, como também a terra de Gileade. Os príncipes de todo o povo e todas as tribos de Israel se apresentaram na congregação (ekklêsia) do povo de Deus. Havia quatrocentos mil homens de pé, que puxavam da espada (Jz. 20.1-2-LXX).
·         E disseram: Há alguma das tribos de Israel que não tenha subido ao SENHOR a Mispa? E eis que ninguém de Jabes-Gileade viera ao acampamento, à assembleia (ekklêsia)... Por isso, a congregação (sinagôgê) enviou lá doze mil homens dos mais valentes e lhes ordenou, dizendo: Ide e, a fio de espada, feri os moradores de Jabes- Gileade, e as mulheres, e as crianças ... Toda a congregação (sinagôgê), pois, enviou mensageiros aos filhos de Benjamim que estavam na penha Rimom, e lhes proclamaram a paz (Jz. 21. 8, 10, 13, LXX).
E aqui o paralelismo hebraico é claro:
· Quase que me achei em todo mal que sucedeu no meio da assembleia (ekklêsia) e da congregação (sinagôgê).
              A mesma coisa acontece com o uso da palavra sinagoga. Todos sabem que a sinagoga é a reunião de estudo da Lei dos judeus, mas as vezes encontramos as reuniões dos gentios chamadas de sinagoga na tradução grega do AT (Gn. 28. 3; 35.11; Ez. 26.7; 27.27, 34; 38.15; Sf. 3.8). Mas, isso não faz da sinagoga judaica uma reunião de gentios.
              Não sei como alguém ainda usa o fato de Lucas (o autor de Atos que escrevia em grego)  ter chamado a reunião do povo hebreu de ekklêsia como argumento para dizer que Israel era o mesmo que a Igreja de Deus no AT. Este é um castelo de cartas fácil de derrubar. O que temos é apenas estilo de escrita sem nenhuma conotação teológica.
              Quem lê com atenção os primeiros capítulos da carta de Paulo aos Efésios acha com facilidade a resposta para a origem da Igreja. Ali está escrito que ela estava no secreto conselho de Deus desde antes da fundação do mundo (1.1-11), mas que foi revelada na História a partir das boas novas (evangelho) de Jesus Cristo seu Cabeça (1.22-23;3.1-13). A comunidade dos discípulos durante a vida de Cristo era o embrião da Igreja[4] revelada no Dia de Pentecoste como explica Martyn LLOYD-JONES: “E aqui, em Atos, capítulo 2, Deus está dando início à Igreja Cristã”.[5] Com quem concorda GUTHRIE: “O evento crítico no início da comunidade cristã foi, sem dúvida o Pentecostes. Somente a partir da descida do Espírito a comunidade foi efetivada”.[6] E Walter C. KAISER é claro ao dizer que foi o batismo com o Espírito Santo em Atos 2 que assinalou o começo da Igreja, pois quando todos foram cheios do Espírito deram início a ekklêsia de Cristo.[7]
              Bem, diante de “uma tal nuvem de testemunhas” resta você tirar suas conclusões.
NOTAS

[1] Hebreus (São Paulo: Paracletos, 1997), p. 319.
[2] Ibid, pp. 346-347
[3] Veja tópico I- Definição de Termos, letra b.
[4] GUTHRIE, Donald. Teologia do Novo Testamento (São Paulo: Cultura Cristã, 2007), p. 716; Augustus H. Strong também partilha da mesma ideia, para a Igreja esteve entre os discípulos de Cristo em germe, e foi inteiramente revelada após o Pentecoste (Teologia Sistemática, vl. 2. 2ª ed. Rev. (São Paulo: Hagnos, 2007), p. 1582ss
[5] Cristianismo Autêntico, vl. 1 (São Paulo: PES, 2005), p. 43.
[6] Teologia do Novo Testamento, p. 737; “O nascimento da Igreja ocorreu no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo, enviado pelo Pai e pelo Filho, desceu em poder sobre a comunidade dos discipulos reunida em oração no “cenáculo” em Jerusalém (At 2.1-4)”. STURZ, Richard J. Teologia Sistemática (São Paulo: Vida Nova, 2012), p. 552.
[7] O Plano da Promessa de Deus (São Paulo: Vida Nova, 2011), pp. 343-344.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

1. Um enfraquecimento habitual do mau desejo - John Owen


 


Toda lascívia (desejo mau) é um hábito depravado, que continuamente inclina o coração para o mal. Em Gênesis 6:5, temos uma descrição de um coração no qual o pecado não foi mortificado: "era continuamente mau todo desígnio do seu coração". Em todo homem não convertido, há um coração que não foi mortificado e que está cheio de uma variedade de desejos ímpios, e cada um desses desejos está continuamente clamando por satisfação.

Concentrar-nos-emos apenas na mortificação de um desses desejos. Este desejo (pense no pecado que mais lhe atrai) é uma disposição forte, habitual, e profundamente enraizada, que inclina a vontade e os sentimentos para certo pecado em particular. Uma das grandes evidências de tal desejo mau é a tendência para se pensar nas diversas maneiras de gratificá-lo (veja Rom. 13:14). Este hábito pecaminoso (ou seja, a lascívia ou desejo mau) opera violentamente. "Fazem guerra contra a alma" (1 Ped. 2:11) e buscam tornar a pessoa um "prisioneiro da lei do pecado" (Rom. 7:23). Ora, a primeira coisa que a mortificação efetua é o enfraquecimento deste desejo mau, de modo que se torna cada vez menos violento nos seus esforços para provocar e seduzir a pecar (veja Tiago 1:14,15).

A esta altura, é preciso que se faça uma advertência. Todos os desejos maus têm o poder de seduzir e provocar alguém a pecar, porém parece que não têm, todos eles, o mesmo poder. Há pelo menos duas razões pelas quais alguns desejos maus parecem ser muito mais fortes do que outros:

a)      Um desejo mau pode ser mais forte do que outros na mesma pessoa e também mais forte do que o desejo numa outra pessoa. Há muitas maneiras pelas quais este poder e vida extras são dados, mas especialmente isso ocorre por meio da tentação.

b)      A ação violenta de alguns desejos maus é mais óbvia do que a de outros. Paulo sublinha uma diferença entre impureza e todos os outros pecados. "Fugi da impureza! Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer, é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo" (1 Cor. 6:18). Isso significa que pecados dessa natureza são mais facilmente discerníveis do que outros. Contudo, uma pessoa com um amor desordenado pelo mundo pode estar debaixo do poder desse desejo mau (embora esse poder não seja tão óbvio) tanto quanto outro homem que é cativado por um desejo mau ou por uma imoralidade sexual.

A primeira coisa, então, que a mortificação efetua é um enfraquecimento gradual dos atos violentos do desejo mau, de modo que seu poder para impelir, despertar, perturbar e deixar a alma perplexa seja diminuído. Isso é chamado de crucificar "a carne, com as suas paixões e concupiscências" (Gál. 5:24). Esta linguagem é muito gráfica, como se pode ver na seguinte ilustração:

Pense num homem pregado numa cruz. A princípio o homem se esforçará, lutará e clamará com grande intensidade e poder. Depois de certo tempo, à medida em que vai perdendo sangue, seus esforços se tornam fracos e seus gritos baixos e roucos. Da mesma maneira, quando um homem se propõe a cumprir seu dever de mortificar o pecado, há uma luta violenta; todavia à medida em que a força e a energia do desejo mau se esvai, seus esforços e gritos diminuem. A mortificação radical e inicial do pecado é descrita em Romanos, capítulo 6, e especialmente no versículo 6:

"Sabendo isto, que foi crucificado com ele o nosso velho homem" - para qual propósito? ~ "para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos ao pecado como escravos".

Sem esta mortificação inicial e radical, realizada mediante união com Jesus Cristo, como descrita em Romanos, capítulo 6 (no próximo capítulo diremos mais sobre isto), uma pessoa não pode fazer progresso na mortificação de um único desejo mau. Uma pessoa pode dar pauladas no mau fruto de uma árvore má até ficar esgotada, porém enquanto a raiz permanecer forte e vigorosa nenhum grau de espancamento impedirá que a raiz produza mais frutos maus. Esta é a tolice que muitas pessoas praticam quando se dispõem com todo fervor a quebrar o poder de qualquer pecado em particular, sem realmente atacar e ferir a raiz do pecado (como acontece quando um cristão é unido a Jesus Cristo).

2. Uma contenda e uma luta constante contra o pecado

Quando o pecado é forte e vigoroso, a alma não consegue fazer grande progresso espiritual. A não ser que constante-mente lutemos contra o pecado, ele crescerá forte e vigorosa-mente, e nosso progresso espiritual será constantemente impedido. Há três coisas importantes no contendermos com o pecado. São as seguintes:

a)      Precisamos conhecer nosso inimigo e estar determinados a destruí-lo por todos os meios possíveis. Temos que lembrar que estamos num conflito acirrado e árduo, um conflito que tem sérias consequências. Precisamos estar alertas "conhecendo cada um a chaga do seu coração" (1 Reis 8:38). Precisamos guardar-nos de pensar levianamente nessa chaga. E de se lamentar que muitos tenham tão pouco conhecimento do grande inimigo que levam com eles nos seus corações. Isso os torna dispostos a se justificarem e a ficarem impacientes com qualquer reprovação ou admoestação, não se apercebendo de que estão correndo perigo (veja 2 Cron. 16:10).

b)      Precisamos nos esforçar para aprender os modos de agir de nosso inimigo, suas estratégias e os métodos de combate que ele emprega, as vantagens que ele procura obter e, até mesmo, detectar as ocasiões quando o seu ataque é mais bem sucedido. Quanto mais soubermos estas coisas, melhor estaremos preparados para lutar e contender com o pecado. Por exemplo: se observarmos que o inimigo repetidamente se aproveita de nós, e leva vantagem, em determinada situação, então procuraremos evitar essa situação. Precisamos buscar a sabedoria do Espírito contra as ciladas do pecado que habita em nós, para que possamos rapidamente discernir as sutilezas do nosso inimigo e frustrar seus planos maus contra nós.

c) Precisamos empenhar-nos diariamente para utilizar todos os meios que Deus ordenou para ferir e destruir o nosso inimigo (alguns desses serão mencionados mais adiante). Jamais devemos permitir que sejamos conduzidos a uma falsa segurança, pensando que nossos desejos pecaminosos já estão mortos devido estarem quietos. Em vez disso precisamos aplicar-lhes novos golpes e surras todos os dias (vejaCol. 3:5).

3. Sucesso na nossa oposição e no nosso conflito com o pecado que habita em nós. Quando há frequente sucesso contra qualquer desejo mau, isso é uma outra evidência da mortificação do pecado. Por sucesso queremos significar uma vitória sobre ele, acompanhada da intenção de dar sequência a essa vitória e atacar novamente. Por exemplo: quando o coração detecta as ações do pecado que habita em nós (procurando nos seduzir, nos atiçar, influenciar nossa imaginação, etc) ele imediatamente ataca o pecado, o expõe à lei de Deus e ao amor de Cristo; ele o condena e o executa.

Quando uma pessoa experimenta tal sucesso e sabe que a raiz do desejo mau foi, na verdade, enfraquecida, e que sua atividade foi contida de modo que não pode mais impedi-lo de cumprir o seu dever ou interromper sua paz como acontecia antes, então o pecado foi, em considerável medida, mortificado.

Este enfraquecimento da raiz do desejo mau é realizada principalmente pela implantação, continuidade e cultivo constante da vida espiritual da graça, que se coloca em oposição direta ao desejo mau, e lhe é destruidora (compare com o capítulo 4, pág. 110, item 2). Desse modo, pela implantação e pelo crescimento da humildade, o orgulho será enfraquecido. Da mesma maneira, a paciência tratará da paixão; a pureza da mente e da consciência cuidará da impureza; a mente celestial porá fim ao amor deste mundo, e assim por diante.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

10 MOTIVOS PORQUE NÃO SOMOS UMA IGREJA QUE GRITA

 Por Pr. Weber F. Alves  (Igreja Congregacional em Esperança/PB)
                Muitas pessoas procuram os membros de nossa igreja ou até mesmo a mim como pastor para saber por que as pessoas não “glorificam a Deus” nos nossos cultos. A pergunta sempre é mal elaborada, pois a verdadeira curiosidade é saber por que os irmãos não gritam expressões como “glória a Deus” e “Aleluias” durante os nossos cultos. Alguns na verdade usam adjetivos como “frios” ou “crus” para estigmatizar e caracterizar nossa vivência enquanto igreja. Nestes últimos dias estive pensando que tipo de resposta devemos dar àqueles que nos consideram frios por causa do tipo de nossa liturgia e alistei, ao menos, dez motivos que abaixo relaciono:
1.    Porque Deus não é surdo – Algumas pessoas não evangélicas quando visitam algumas igrejas e saem do culto perguntando por que os crentes gritam tanto. Eles saem da igreja afirmando: “Deus não é surdo!”. Precisamos admitir que, neste sentido, elas têm razão ao afirmar isso. Nossos gritos não convencem Deus de que o amamos. Na verdade, deste ponto de vista, eles são desnecessários, pois a Bíblia diz que Deus conhece até os nossos pensamentos (Sl. 139.4). É verdade que Deus não é surdo, mas me permita ironizar, afirmando que se ele tivesse tímpanos como os nossos, certamente, incorreria no risco de ficar surdo pelo modo como algumas igrejas e crentes o cultuam. Nossas orações devem vir de corações apaixonados, mas isso não significa que temos de gritar desesperados como se Deus não estivesse ouvindo. Lembro-me que quando Elias desafiou os 450 profetas de Baal foram eles quem gritaram desesperados ao seu falso deus, enquanto Elias fez uma simples e sincera oração (1 Reis 18.36-40). Deus atendeu a oração de Elias sem precisar de gritos, mas os profetas de Baal não tiveram resposta porque clamaram a um deus falso. No caso de Jesus, a única vez que ele bradou aos céus foi quando estava na cruz durante seu suplicio (Mateus 27.46,50).
2.    Porque somos uma comunidade educada – A gritaria em algumas igrejas, antes de expressar um culto fervoroso, pode expressam mau educação. As crianças ficam assustadas, espanta alguns visitantes, e alguns incrédulos decidem nunca mais pisar o pé naquele ambiente religioso. Nós somos uma comunidade educada, pois glorificamos a Deus sem precisar gritar desordenadamente. 
3.    Porque barulho não é sinônimo de unção, haja vista que lata vazia também faz barulho. Ao longo de minha vida cristã tenho percebido que muitos dos crentes que mais “glorificam” com gritos nos seus cultos também gritam descontroladamente com suas esposas em casa. O barulho nem sempre denuncia unção. Lembro-me de que quando o profeta Elias estava fugindo da rainha Jezabel e do rei Acabe, escondendo-se numa caverna no monte Horebe, Deus falou-lhe num cicio tranqüilo e suave (um sussuro amável), e não no meio de um vento, de um terremoto, ou de fogo que também passava (1 Reis 19.9-13). Deus estava respondendo a Elias de uma forma inesperada, no silêncio, contrariando todas as noções do profeta.
4.    Porque prezamos por um culto descente e ordeiro – O apóstolo Paulo instrui aos crentes em Corinto que o culto deve ser feito com ordem e decência. Naquela igreja era comum a desordem cúltica, onde diversos irmãos profetizavam, falam em línguas ou glorificam simultaneamente. O culto era uma gritaria desordenada e Paulo repreendeu os irmãos dizendo-lhes: “faça-se tudo decentemente e com ordem” (1 Coríntios 14.40)
5.    Porque não há base bíblica para estarmos gritando no culto. Simplesmente nenhum texto da Bíblia nos manda cultuar desta forma e, mesmo os textos do Antigo Testamento que apresentam o povo de Israel bradando, não servem de amparo para justificar a gritaria durante os cultos, pois eles não são relatos de um culto litúrgico, nem são aparados por qualquer ordem bíblica para assim o fazermos.
6.    Porque não queremos que os incrédulos escarneçam de nosso culto. A Bíblia diz que a mensagem do evangelho é loucura para os que se perdem (1 Coríntios 1.18). Assim, é de se esperar que alguns não crentes zombem do evangelho naturalmente por não entender, por exemplo, que através da morte de Cristo temos vitória, vida e salvação. Eles não crêem e zombam. Desta zombaria, porém, não nos importamos, porque ela é bíblica. Mas não podemos comparar esta experiência com a daqueles não-crentes que zombam após um culto repleto de gritarias anarquizadas. Não queremos dar motivos para os incrédulos escarnecerem de nós por procedermos de maneira desordeira.
7.    Porque não queremos atrapalhar as pessoas de ouvir a Palavra de Deus. Já fui para ambientes evangélicos em que não consegui entender os louvores, nem muito menos a pregação por causa de irmãos “espirituais” que gritavam mais alto do que o volume do som. São ambientes onde as pessoas saem dizendo que o culto foi uma bênção, mas, quando perguntadas acerca da mensagem, dizem que não entenderam nada “porque o fogo desceu”. No nosso culto a mensagem da Palavra é o centro, o momento em que Deus nos fala e precisamos dar toda atenção. Podemos glorificar a Deus, mas de uma forma que não atrapalhe as pessoas de ouvir e entender a Palavra de Deus.
8.    Porque estas expressões de culto são como coreografias aprendidas e repetidas sem voluntariedade. Os irmãos aprendem isso na liturgia e estão automatizados. Não há espontaneidade e, quando a coisa funciona assim, não é culto, mas religião fria e automática. Não vem do coração, nem mesmo da cabeça, mas é automático com um motor de um automóvel.
9.    Porque queremos oferecer um culto racional a Deus. É isso que o apóstolo Paulo nos diz: “que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” (Rm. 12.1). Um culto racional é um culto inteligente, no qual você entende a mensagem com a mente e absolve com o coração. Alguns cultos por ai a fora as pessoas não entendem o que está sendo pregado e gritam “Glória a Deus!”. Quantas vezes já ouvi alguém num certo culto glorificar a Deus depois do pregador dizer que o diabo veio para destruir. Quando isso acontece, o irmão não entendeu a mensagem ou não sabe o que significa “glória a Deus!”. É preciso dizer para ele: “não é ‘Aleluia!’ irmão, é ‘misericórdia!’. 
10. Porque não se mede um culto pela quantidade de glórias que se grita, mas pela sinceridade do adorador. No céu não existe um aparelho chamado “glorômetro”, com o qual Deus ou seus anjos meçam a qualidade dos cultos oferecidos. Por mais que possamos manifestar atos externos sinceros, é importante perceber que, às vezes, alguns irmãos procuram competir espiritualidade a partir da potência vocal de glórias no culto. Lembremo-nos que quem se preocupava em demonstrar espiritualidade eram os hipócritas (fariseus) e Jesus disse que sua recompensa era a dos homens (Mateus 6.5-8).
Entenda, querido leitor! Não estou querendo dizer que não devemos ter expressões de louvor a Deus; longe de mim querer partir para o outro extremo que proíbe qualquer tipo de manifestação espontânea de adoração. Encontramos na Bíblia diversos momentos de expressões verbais de culto e adoração pública. Nossa comunidade é o lugar onde estas experiências de louvor podem acontecer, mas sem perder a ordem do culto. Ninguém é proibido de louvar a Deus em nossa igreja, mas não queremos medir o poder de nossa igreja a partir da quantidade de gritos que emitimos durante o culto, nem queremos tornar isso uma coisa automática e desregrada.
Que o Senhor nos abençoe a ajude a trilharmos o caminho do equilíbrio.

terça-feira, 15 de maio de 2012

SEMINÁRIO CONGREGACIONAL FAZ MAIS UM AVANÇO MISSIONÁRIO


Nestes dias 04,05, e 06 do corrente o Seminário Congregacional em João Pessoa/PB em parceria com a 1a Igreja Congregacional em João Pessoa fizeram mais um avanço missionário. São sempre dois que o Seminário promove no ano. 
Com dois ônibus lotados (cerca de 105 pessoas), entre alunos do Seminário, e membros da 1a Igreja, e sob a direção do Pr. Bartolomeu Lopes (professor de evangelismo e discipulado), Joelson Gomes (diretor do Seminário), e Jairo Falcão (Diretor do departamento de missões da Igreja),  viajamos mais de 200 km, para a cidade de Nova Floresta e ali apoiamos a Igreja Congregacional Local. Foram dias de muito trabalho e bênção. Muitas vidas evangelizadas e muitas decididas. No sábado 06, fizemos um culto na praça central da cidade onde congregamos quase 500 pessoas para ouvir o evangelho pregado sem subterfugios e em alto e bom som. As crianças tiveram acompanhamento especial e receberam atendimento educativo e evangelistico. 
Destaque para a participação da classe de evangelismo e discipulado do Seminário que capitaneou a organização sob a orientação do professor e pastor Bartolomeu, e para a recepção preparada pela Igreja Congregacional em Nova Floresta, que esteve nos suprindo em tudo e não deixou faltar nada nos dias que estivemos ali. Agora começam os preparativos para o próximo avanço que será no segundo semestre e está quase tudo certo para ser no Ceará. Você vem?

Joelson Gomes
Diretor

sábado, 28 de abril de 2012

AS MANEIRAS E OS PORQUÊS DO TODO-PODEROSO


Allen M. Baker

"Tocar-se-á a trombeta na cidade, sem que o povo se estremeça? Sucederá algum mal à cidade, sem que o Senhor o tenha feito?" (Am 3.6).

O enorme terremoto de 9.0 na escala Richter que abalou o Japão no dia 11 de março e o tsunami resultante, capturados tão espetacular e terrivelmente nos vídeos, produziu até 19 de março 18.000 mortes, não mencionando o possível desastre nuclear na usina de Fukushima, que poderia causar milhares de outras mortes.
Como devemos ver essas coisas? São meros acidentes? É apenas um terremoto, ou seja, um fenômeno natural explicado apenas em termos científicos? Isso é um julgamento de Deus sobre o Japão, uma nação orgulhosa em que somente 1% dos habitantes são cristãos? Devemos nós, como um budistas pode fazer, apenas aceitar isso como destino, admitindo que ninguém pode controlá-lo, ou devemos simplesmente deixar para lá?
Como em qualquer circunstância da vida, nossa única fonte é a Bíblia. E o que ela diz sobre catástrofes? João Calvino, em um comentário sobre Amós 3.6, diz que o som de uma trombeta recordava a Israel que Deus não fazia nada sem primeiro revelar seus segredos aos seus profetas. Nas palavras de Calvino: "O povo de Israel foi extremamente estúpido em não se arrepender depois de tantos avisos. Permaneceram em sua perversidade, embora tenham sido constrangidos pelos mais poderosos meios". Calvino prossegue e diz que Amós nos recorda que as calamidades não acontecem por acaso... que o governo deste mundo é realizado por Deus e que nada acontece senão pelo seu poder. A palavra (no hebraico rah) traduzida neste versículo por "mal" significa qualquer coisa adversa a nós. É a mesma palavra hebraica usada em Isaías 45.6-7, onde o profeta diz: "Eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas". A versão bíblica em português traduz "rah" em ambos os versículos pela palavra "mal". E faz isso em vários outros versículos: "a árvore do conhecimento do bem e do mal" (Gn 2.9); "Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal!" (Is 5.20); "e ficareis consolados do mal que eu fiz vir sobre Jerusalém, sim, de tudo o que fiz vir sobre ela" (Ez 14.22).
Portanto, podemos descartar várias possibilidades quanto ao porquê da terrível devastação ocorrida no Japão. Primeira, isso não for mero acidente. Não foi apenas um terremoto que pode ser explicado em termos científicos. É claro que há uma explicação científica para o que aconteceu. De modo algum, os crentes devem depreciar os meios secundários que Deus designou. Deus opera pela maneira como criou e, agora, sustenta toda a sua criação (At 17.26). E a razão fundamental para catástrofes naturais é a queda no pecado realizada por Adão e Eva. Isso tornou o mundo rendido ao pecado, corrompido e necessitado de redenção, algo que Deus promete repetidas vezes em sua Palavra (Is 66.22-24; Rm 8.20-23; 2 Pe 3.13). Segunda, nós rejeitamos a explicação budista e sua conseqüente reação estóica. Certamente, devemos lamentar e entristecer-nos pela perda de vidas, bem como devemos orar pelo povo do Japão e pelos que realizam o trabalho de socorro. Devemos contribuir financeiramente para esse trabalho.
No entanto, a catástrofe foi um julgamento de Deus sobre pessoas de coração duro e orgulhosas? É claro de Amós, Isaías, Ezequiel e todos os profetas que Deus trouxe julgamento sobre as nações de seus dias porque elas estavam longe dele, envolvidas em todas as maneiras de comportamento licencioso, ímpio e destrutivo, colocando-se a si mesmos contra Deus. Também sabemos que Paulo declarou que a ira de Deus é revelada (tempo presente, voz passiva, modo indicativo de apokalupto, de onde temos nossa palavra apocalipse) do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade pela injustiça (Rm 1.18). Em outras palavras, Deus está sempre trazendo sua ira ao mundo porque persistimos no viver ímpio. Mas, podemos dizer sem equívocos que Deus está julgando o Japão por causa de rejeição perpétua das ofertas de graça por meio de muitos japoneses crentes e missionários que trabalham diariamente para levar o Japão a Cristo?
Para responder essa pergunta, precisamos primeiramente considerar uma situação semelhante trazida à atenção de Jesus. Em Lucas 13.1-5, falaram a Jesus sobre alguns galileus cujo sangue foi misturado, pelo ímpio Pôncio Pilatos, com os sacrifícios que eles realizavam. E, por uma boa medida, esses indagadores de Jesus queriam o que ele pensava sobre o recente acidente de construção em que dezoito pessoas foram mortas quando uma torre desabou sobre eles. A pergunta era: "Você acha que esses galileus eram maiores pecadores do que todos os outros galileus porque sofreram esse destino? E os que morreram no acidente de construção eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém?" Adequando essa pergunta ao nosso contexto moderno, diríamos: a nação japonesa é mais ímpia e merecedora do julgamento de Deus do que somos nos Estados Unidos ou na Inglaterra? Aqueles que morreram no terremoto, no tsunami ou de exposição à radiação eram mais ímpios do que nós o somos? A maneira como Jesus respondeu essas perguntas nos dá a resposta que precisamos em nossa situação específica. Jesus disse aos seus questionadores: "Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis". O que Jesus estava dizendo? Estava respondendo as perguntas por focalizar-se no que julga mais importante. A questão não é quão ímpias essas pessoas tinham sido. Elas não eram mais ímpias do que qualquer outra pessoa. Quando comparados com a lei de Deus, descobrimos que ninguém é justo, nem mesmo um (Rm 30.10, ss.). Temos uma tendência de especular sobre essas coisas, mas elas não são a preocupação no coração de Jesus. Ele muda o assunto diretamente para seus questionadores, procurando incutir-lhes a verdade de que, se não se arrependessem, todos pereceriam igualmente.
Portanto, devemos ver qualquer catástrofe como uma chamada de "despertamento" divina e graciosa. Devemos ver a Deus em todas essas coisas. Essas calamidades servem como advertências para que todas as pessoas parem e perguntem a si mesmas: "E se meu carro, com meu querido filhinho dentro, tivesse sido levado pelas ondas gigantes de cinco metros de altura, enquanto o limpador de pára-brisa traseiro limpava o vidro? O que nos teria acontecido? Aonde iríamos depois da morte? Essas são as perguntas que nós e todas as pessoas devemos fazer a nós mesmos! Não podemos dizer com certeza que Deus está executando vingança sobre o Japão. Evidentemente, Deus fez isso a nações, conforme as Escrituras, e isso deixa claro o princípio bíblico de que ele está revelando continuamente sua ira no mundo. É melhor deixarmos essas questões nas coisas secretas de Deus (Dt 29.29).
E por que Deus mostra seu magnífico e grandioso poder de maneiras terríveis? Em última análise, ele faz tudo para o louvor e glória de sua graça (Ef 1.3-14); e, freqüentemente, suas maneiras grandiosas e terríveis humilham as pessoas e nações, atraindo muitos a Cristo, para obterem a salvação eterna. Lembro-me da haver orado pela Nicarágua depois do terremoto de 1973, pedindo a Deus que trouxesse aquelas queridas pessoas a Cristo como resultado da devastação. Quase imediatamente após o terremoto, milhões de nicaragüenses começaram a vir a Cristo, e o movimento continua até hoje. Que Deus faça essa mesma obra no Japão. E, por favor, ore pelo Japão, pela igreja japonesa, por seus pastores e missionários nativos que têm labutado fielmente, durante tantos anos, e visto tão pouco fruto. Talvez essas coisas aconteceram num tempo como este para que haja uma grande colheita de almas nesta nação que tem feito tanto no aspecto econômico, mas permanece nas trevas do xintoísmo e do culto aos ancestrais.